Diversas são as marcas históricas da presença do Homem nas Berlengas...

FORTE DE SÃO JOÃO BAPTISTA

A data da sua construção não é clara, existindo referências que apontam para a existência de uma fortaleza desde o século XVI ou desde o primeiro quartel do seculo XVII. No entanto, em 1651, por ordens de D João IV, foi construído ou reconstruída esta fortaleza para fazer frente à regular presença de corsários e piratas na ilha da Berlenga e reforçar a defesa da cidadela de Peniche. O forte, localiza-se numa das enseadas da vertente sudeste da ilha sobre um ilhéu ligado à Berlenga por uma ponte em alvenaria. Foi construído, reaproveitando cantarias calcárias e outros elementos arquitetónicos do antigo Mosteiro da Misericórdia, sobre os ilhéus da enseada da Muxinga.

O Forte serviu propósitos militares importantes. A mais afamada destas histórias foi a tomada do forte em 1651 pela frota de 14 navios castelhanos comandados por Don Diogo Ibarra, após intensos bombardeamentos à pequena guarnição do Cabo Avelar Pessoa que guardava o forte e sucumbiu sem comida e pólvora ao fim de 2 dias. Também serviu de base aos Ingleses durante as invasões napoleónicas, e às tropas de D. Pedro para a conquista da fortaleza de Peniche durante as convulsões Liberais.

O forte foi reparado em 1678 e entre o final do século XVII e o início do século XVIII o forte serviu como presídio. Após a saída da última guarnição em 1914, o Forte foi votado ao abandono servindo de refúgio a pescadores de lagosta e outros. José Morgado, o guarda permanente do Forte, nos anos 30 ainda cumpria o ritual de hastear a bandeira portuguesa nos domingos e feriados nacionais. Nos anos 30 do século XX, o Forte sofreu algumas obras e nos anos 50 foi totalmente recuperado e transformado em pousada pela Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Hoje, a Casa Abrigo do forte é gerida pela Associação Amigos da Berlenga.

 

HORTA DOS REFORMADOS

Estrutura de cariz etnográfico, de cronologia contemporânea, localizada na vertente Norte da enseada do Forte. Tem planta retangular, com cerca de 25 m de largura e 20 m de comprimento, construída em pedra granítica de média dimensão, sem vestígios de argamassa. Segundo diversas referências orais, no interior desta cerca praticava-se horticultura sazonal, assim protegida dos ventos fortes e dos animais. Aparenta tratar-se de uma construção regional típica, devidamente adaptada às condições naturais.

 

O farol foi construído no ponto mais alto da ilha da Berlenga e é constituído por uma torre de 29 metros de altura.

FAROL DO DUQUE DE BRAGANÇA

Construído no ponto mais alto da ilha da Berlenga em 1841, é constituído por uma torre quadrangular de 29 metros de altura. Antes da sua construção, existia neste local uma torre, para vigia e orientação dos mareantes, que teria subsistido até à construção do atual Farol, e no qual se teria reutilizado a sua alvenaria

Quando o farol foi construído, era utilizado azeite como combustível para emitir luz, gastando cerca de 2 500 toneladas deste precioso óleo anualmente mas já tinha movimento de rotação ativado por um mecanismo de relojoaria! No entanto, este sistema seria fraco uma vez que apenas de 3 em 3 minutos emitia um clarão que se confundia com qualquer outra luz vinda de terra ou do mar. Ao longo dos tempos este farol recebeu diferentes mecanismos de iluminação, incluindo um sistema de lentes Fresnel hiper-radiantes - o maior tipo de lentes jamais construídas. Até 1975 o serviço era assegurado por diversos faroleiros que viviam nos edifícios anexos com as suas famílias. Atualmente, o farol está equipado com células fotovoltaicas que permitem a sua independência energética, com um feixe de luz que pode ser visto até 27 milhas (50 km) de distância.

 

BAIRRO DOS PESCADORES

Construído na encosta do carreiro do mosteiro sobre as ruínas do antigo Mosteiro da Misericórdia. Na sequência da reabilitação do Forte de São Baptista em 1941, os pescadores das Berlengas tiveram que se abrigar nas grutas da ilha, e o Comandante Andrade e Silva (outro nome pelo qual o bairro é conhecido) mandou construir o bairro para lhes dar abrigo durante as campanhas. Foi construído em 1943 pela Junta Central das Casas dos Pescadores em colaboração com a Capitania do Porto de Peniche, a fim de garantir condições de habitabilidade dignas à comunidade de pescadores que desde sempre, sazonalmente habitaram a ilha. Nas suas imediações foram surgindo durante a segunda metade do século XX alguns equipamentos de restauração e apoio aos visitantes nomeadamente o Castelinho e o Restaurante. Nos anos 80 do século XX a Câmara Municipal de Peniche instala uma pequena área de campismo, junto ao Bairro. Neste conjunto integram-se as estruturas do cais, caminhos de acesso, as estruturas de apoio à pesca, o gerador, depósitos de água, estruturas de tratamento de resíduos e infraestruturas turísticas tais como os balneários e área de campismo. Nesta área foram encontrados achados arqueológicos datados da época romana (entre o final do século I a.C. e o século V), com diversas origens tais como béticas, norte africanas, assim como de produção local.